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Nos 160 anos da morte de Garrett

a BNP revisita a Exposição Garrettiana de 1904

NOTÍCIA | 9 dez. '14



No ano do cinquentenário da morte de Almeida Garrett, a Biblioteca Nacional promoveu uma exposição comemorativa, era então seu diretor o erudito e bibliófilo Xavier da Cunha (além de crítico e poeta, também sob o pseudónimo de Olímpio Freitas), ao tempo fundador da Sociedade Literária Almeida Garrett e membro dos seus corpos dirigentes.


Nascido em Évora a 14 de fevereiro de 1840, filho do funcionário da administração pública e jornalista Estêvão Xavier da Cunha, formou-se na Escola Médico-Cirúrgica de Lisboa em 1865, mas exerceu medicina durante menos de um ano, ocupando logo em 1866, por concurso público, o lugar de 2º conservador da Biblioteca Nacional de Lisboa, da qual foi nomeado diretor em 1902, cargo que ocupou até 1910, vindo a morrer na capital em 11 de janeiro de 1920. Homem de vasta cultura, foi colaborador assíduo do Dicionário Popular dirigido por Manuel Pinheiro Chagas (15 vols., Lisboa 1876-1886) e convidado a dirigir a célebre coleção Biblioteca do Povo e das Escolas, do editor David Corazzi (198 vols. entre 1881-1894)1.


Admirador de Almeida Garrett, coincidindo com o movimento finissecular de recuperação neogarrettiana, Xavier da Cunha esteve no centro das comemorações, antes de mais no centenário do nascimento, em 1899, propondo à Academia das Ciências de Lisboa a edição de um «livro áureo» do autor de Viagens na Minha Terra, iniciativa que não vingou. Nos anos subsequentes, porém, sobretudo a partir de 1903, a proposta para a trasladação dos restos mortais de Garrett para o Panteão dos Jerónimos, a cargo da Sociedade Literária Almeida Garrett e ocorrida a 3 de maio, foi amplamente difundida pela imprensa portuguesa, com destaque para o Diário de Notícias, de que era então redator principal o escritor Brito Aranha.


No ano seguinte, ao mesmo tempo que Teófilo Braga coordenava as Obras Completas de Almeida Garrett, em diversos volumes de uma «Edição ilustrada» de pequeno formato e em dois tomos de uma «Grande edição popular», a Biblioteca Nacional chamou a si a organização de uma exposição de «homenagem simples e modestíssima» ao escritor romântico, segundo descrição no Boletim da Sociedade Literária Almeida Garrett 2. Inaugurada a 9 de dezembro de 1904 pelo príncipe real D. Luís Filipe e seu irmão e futuro rei D. Manuel, com assinaturas inscritas em Livro de Visitantes, desta exposição não chegou a ser impresso catálogo (cujo original manuscrito consta existir na Sala Ferreira Lima, FLUC), porém o seu registo fotográfico foi deixado por Júlio Novais e reunidos numa miscelânea os jornais diários que noticiaram o evento.

 

 

1. Brito Aranha, «Xavier da Cunha», in Inocêncio Francisco da Silva, Dicionário Bibliográfico Português, Lisboa: Imprensa Nacional, 1911, 31-49; Manuela Domingos, Estudos de Sociologia da Cultura, Lisboa: IPED, 1985, 26-28. A BPE de Corazzi prosseguiu até 1913 totalizando 237 vols


2. Boletim da Sociedade Literária Almeida Garrett, nº5 (julho 1905)