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Horário

2.ª - 6.ª 09h30 - 19h30 /

sáb.  09h30 - 17h30

 

Folha de sala

 

José Pedro Machado dicionarista,

Isabel Casanova

 

 


José Pedro Machado (1914-2005): uma vida de estudo

MOSTRA | 15 out. - 31 dez. '14 | Sala de Referência | Entrada livre
CONFERÊNCIAS | 15 out. '14 | 18h00 | Auditório BNP | Entrada livre

 

Na passagem do primeiro centenário de José Pedro Machado (1914-2005), a BNP evoca o professor, o académico, o linguista, o arabista e o polígrafo através de uma mostra e duas conferências: José Pedro Machado arabista, por António Dias Farinha (Universidade de Lisboa) e José Pedro Machado dicionarista, por Isabel Casanova (Universidade Católica Portuguesa)

José Pedro Machado foi assistente na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (1942-43), professor do ensino técnico e profissional e diretor da Escola Industrial Afonso Domingues. Membro de academias científicas portuguesas e estrangeiras, galardoado com relevantes insígnias, deixou impressivo sulco na cultura portuguesa da segunda metade do século XX.

A partir de 1948, consagrou-se à edição revista, aumentada e atualizada do chamado Dicionário de Morais, que conheceu sucessivas edições. Seguiu-se-lhe o Dicionário etimológico da língua portuguesa (1956), e depois o Grande dicionário da língua portuguesa (1981), duas das mais representativas obras do seu labor. Sendo sobretudo conhecido como dicionarista e lexicógrafo, área em que não se furtou à polémica, José Pedro Machado foi também historiador e estudioso de outras facetas da língua, sensível ao carácter dinâmico da mesma, à irrupção de neologismos impostos pela mudança tecnológica e pela irradiação proveniente dos novos polos de poder mundial.

Enquanto docente, produziu o Dicionário do estudante: nomes comuns, onomástico, histórico, geográfico; vocabulário camoniano (1952) e o Dicionário da língua portuguesa: vocabulário comum, História, Geografia, Artes, Ciências (1960), afeiçoados às matérias lecionadas no ensino secundário. Colocou-se do lado do grande público, refletindo sobre os problemas práticos decorrentes do uso quotidiano do português, através de consultórios da língua disseminados por jornais de Lisboa e da província. Avesso às engenharias reformistas da língua por via administrativa – A propósito da ortografia portuguesa (1986) – teorizou e polemizou sobre a política da língua.

Discípulo de David Lopes (1867-1942), a quem se fica a dever a introdução dos estudos arábicos contemporâneos em Portugal, José Pedro Machado interessou-se pela língua árabe, labor patente em múltiplos estudos em que ao interesse do linguista se foi associando o conhecimento da história e da cultura da Hispânia árabe, antes e depois da Reconquista, com destaque para os elementos sobreviventes daquela civilização, muito presentes na cultura portuguesa medieval e renascentista. Produto de 15 anos de trabalho, foi a tradução do livro do Profeta – Alcorão (1979) –, demonstração dos seus méritos enquanto tradutor e expressão de vasta erudição, patentes nas notas explicativas da única tradução realizada por um português do livro sagrado do Islão.

Como expressão de uma curiosidade intelectual panorâmica e multímoda, deixou, ao longo de 50 anos (1953-2005), intensa colaboração no Boletim bibliográfico da Livraria Portugal, demonstrativa de saber enciclopédico, mas também reflexo do entusiasmo do pedagogo, a obra Cancioneiro da Biblioteca Nacional (1949), coletânea de lirismo trovadoresco galaico-português, realizada em parceria com a sua mulher Elza Paxeco, bem como estudos de natureza geográfica, historiográfica, camonianos, mas sobretudo toponímicos, dispersos por revistas culturais de índole local.