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Espólio do filósofo Delfim Santos doado à BNP


delfim_santos2O espólio do filósofo e pedagogo Delfim Santos (1907-1966) foi doado à Biblioteca Nacional de Portugal em 2011, pelos herdeiros do escritor representados pela viúva, Doutora Maria Manuela Hanemann Saavedra de Sousa Marques Pinto dos Santos.


Delfim Pinto dos Santos, natural do Porto, licenciou-se em Ciências Histório-Filosóficas na Faculdade de Letras do Porto, onde teve como mestre Leonardo Coimbra e por condiscípulos Agostinho da Silva, Álvaro Ribeiro, José Marinho ou Santana Dionísio. Tendo iniciado a vida activa na arte da ourivesaria, na empresa de seu pai, aos 18 anos completa, em um ano como aluno externo, os estudos preparatórios na Escola Mouzinho da Silveira e o curso geral no Liceu Alexandre Herculano. No ano seguinte, conclui os Cursos Complementares de Ciências e de Letras, inscrevendo-se na Universidade no curso de Filosofia da Faculdade de Letras e no Curso de Matemática da Faculdade de Ciências, optando pelo primeiro.


Concluída a licenciatura em 1931, inicia uma profícua carreira como docente, em colégios particulares, depois no Liceu Normal de José Falcão em Coimbra, onde inicia o estágio que vem a concluir no Liceu Normal de Lisboa (Pedro Nunes). Em 1934, é professor no Liceu Gil Vicente, em 1942 professor de Filosofia no Liceu Camões e, em 1943, ingressa, como assistente da Secção de Ciências, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa onde, em 1948, ano em que obteve uma bolsa para especialização em orientação vocacional e profissional nos EUA, passa a professor extraordinário e, em 1950, a professor catedrático.


Na segunda metade da década de trinta do século passado, Delfim Santos aprofunda os seus conhecimentos, como bolseiro do Instituto para a Alta Cultura, em Viena (1935), Berlim, Londres e Cambridge, familiarizando-se com a Filosofia das Ciências e a Metafísica do Conhecimento. Em 1937, inicia o leitorado em Berlim e desenvolve divulgação cultural no Instituto para Portugal e Brasil da Universidade dessa cidade. Em 1940, doutora-se na Universidade de Coimbra, com a tese Conhecimento e Realidade. Em 1958 é professor no Instituto de Altos Estudos Militares, cargo que manterá até 1962. Em 1963 é Director do recém-formado Centro de Investigação Pedagógica da Fundação Calouste Gulbenkian e, em 1966, pouco antes de morrer, é nomeado  Director do Instituto Pedagógico de Adolfo Coelho da Faculdade de Letras de Lisboa.


Ao longo da sua carreira Delfim Santos participou e proferiu conferências em diversos congressos nacionais e estrangeiros e colaborou em numerosas publicações periódicas, entre as quais a revista A Águia, de que chegou a ser director, Revista de Portugal, Presença, Revista do Porto, Inquérito, Diário Popular, Revista da Faculdade de Letras, Litoral, O Mundo Literário, Escola Portuguesa, Revista Brasileira de Filosofia, Arquivos da Universidade de Lisboa ou Diário do Norte. Algumas dessas colaborações foram editadas em separatas. Publicou ainda, por exemplo, Linha Geral da Nova Universidade de Coimbra (1934), Situação Valorativa do Positivismo (1938), Da Filosofia (1939), Conhecimento e Realidade (1940), Notes pour une Étude sur Descartes (1944), Fundamentação Existencial da Pedagogia (1946), Meditação sobre a Cultura (1946), A Criança e a Escola (1959), tendo prefaciado e preparado introduções e versões de obras de autores como Friedrich Nietzsche, Régis Jolivet, Hermann Hesse e Karl Jaspers.


O espólio, que a Família generosamente doou à Biblioteca Nacional de Portugal, integrando o seu Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea, será entregue por fases. Permitirá aos investigadores estudar sobre fontes primárias o percurso e pensamento de Delfim Santos, autor cujas obras completas têm a chancela da Fundação Calouste Gulbenkian.