Print E-mail
banner_crespo

 

 

 

 

Biblioteca Nacional de Portugal
Campo Grande, 83
1749-081 Lisboa
Portugal

Tel. 21 798 20 00
Fax 21 798 21 40
This e-mail address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it

 


BNP adquire manuscrito de Gonçalves Crespo


goncalves_crespo2 A BNP adquiriu recentemente em leilão dois sonetos autógrafos do poeta luso-brasileiro de influência parnasiana Gonçalves Crespo – Na egreja das Chagas e Trinta annos depois.

António Cândido Gonçalves Crespo (1846-1883), filho natural de negociante português e de mãe negra, nasceu nos arredores do Rio de Janeiro, na roça de seu pai. Inicia a instrução num colégio da capital carioca e aos 14 anos viaja para Portugal onde passará a residir, primeiro no Porto, depois em Braga, onde se revela como poeta, escreve para várias publicações periódicas e participa nas tertúlias literárias do Café Viana. Em 1872, ingressa na Universidade de Coimbra, formando-se em Direito em 1877. Veio a ser eleito deputado pelo Círculo da Índia (Goa e Nova Goa) nas eleições de 1879 e de 1881.

Integrado no ambiente universitário da cidade do Mondego colaborou no jornal dirigido por João Penha, A Folha, divulgador em Portugal do Parnasianismo, estética literária de que Gonçalves Crespo é considerado um dos principais expoentes. Para alguns investigadores a sua poesia reflecte a estética de Lecomte de Lisle, Sully Prudhomme, Paul Verlaine, entre outros, enriquecida pela sua longínqua experiência de infância do universo humano brasileiro.

goncalves_crespoO seu primeiro livro de poesia, Miniaturas (1870), chamou a atenção de Maria Amália Vaz de Carvalho com quem manteve diálogos literários na forma de correspondência e com quem veio a contrair matrimónio em 1874. Os salões da residência do casal, na Travessa de Santa Catarina, em Lisboa, para onde se mudou por volta de 1878, foram palco de tertúlias literárias onde se reuniam intelectuais e políticos da época, como o Conde de Sabugosa, Pinheiro Chagas, Bulhão Pato, Eça de Queirós, Ramalho Ortigão, Bernardino Machado, Guerra Junqueiro ou Sousa Martins.

Em 1882 publica o segundo e último livro de poesia, Nocturnos. Colaborou na imprensa – no Instituto, de Coimbra, tal como no jornal já referido, em Partido Liberal e Republica das Lettras, de Braga, em Harpa e em Renascença, do Porto, em Artes e Letras, Occidente e Jornal do Commercio, de Lisboa. Foi redactor deste último e do Diário da Camara dos Senhores Deputados (1882). Após a sua morte a obra publicada foi reunida em Obras Completas (1897) e no ano seguinte em Poesias foram dados à estampa outros inéditos.

Mas a bibliografia de Gonçalves Crespo inclui ainda Contos para os Nossos Filhos, Colleccionados e Traduzidos em colaboração com Maria Amália Vaz de Carvalho (1886), que veio a ser oficialmente aprovado para uso nas escolas primárias, Extravagancias Extraordinarias ou As Phantasias do Bandarra (1877), peça em 4 actos preparada para ser representada pelos estudantes de Direito, em Coimbra, e a folha volante A Leitura dos Lusiadas: tricentenário de Camões: sarau litterario (1880?), cuja temática é próxima da dos sonetos agora adquiridos pela BNP.