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Doação dos Espólios de Vitorino Henriques Godinho e de Manuel Maia Magalhães à BNP

 

henriques_godinho_n47A 5 de Julho de 2006 teve lugar na Sala do Conselho da Biblioteca Nacional de Portugal a cerimónia de assinatura do Termo de Doação dos Espólios de Vitorino Henriques Godinho e de Manuel Maia Magalhães à BNP, pelo historiador e familiar das duas personalidades, Vitorino Magalhães Godinho.

Vitorino Henriques Godinho (1878-1962) e Manuel Firmino de Almeida Maia Magalhães (1881-1932) foram personalidades que marcaram a primeira metade do século XX português e cujos trajectos pessoais se cruzaram num período conturbado da História Contemporânea portuguesa – entre a crise e a queda da monarquia, a partir do horizonte criado pelo Ultimatum inglês, o percurso atribulado da República instaurada no 5 de Outubro, a instauração da Ditadura Militar e o advento do Estado Novo – chegando ao tempo de reorganização das oposições ao regime autoritário no segundo pós-guerra.

maia_magalhaes_n72_cx4Ligados por estreitos laços familiares, deixaram nos respectivos espólios materiais num leque muito diversificado que, nas palavras de Vitorino Magalhães Godinho, foram agora confiados à BNP, “dado o papel de primacial relevo que incumbe à Biblioteca Nacional na criação cultural e na investigação científica”, sublinhando que “até em razão da sua heterogeneidade e complexidade, os materiais reunidos nos acervos legados não interessam só, nem sequer predominantemente, como fontes para biografias de personalidades relevantes ou mesmo de gente comum. A intimidade com esses materiais leva-nos a problematizá-los no sentido de constituírem fontes para o traçado do que era o país, do que era a época, com as suas questões cruciais e as discussões que as formulavam, os projectos que procuravam responder-lhe.”

Dos espólios doados constam os epistolários particulares, os diários de viagens e missões, memórias valiosas para a reconstituição de acontecimentos intensamente vividos. Entre os importantes conjuntos fotográficos avulta o da barbosa_magalhaescampanha portuguesa na I Guerra Mundial, reunido por Maia Magalhães, mas também o da viagem aérea de Gago Coutinho; na documentação institucional, são inestimáveis os relatórios, memorandos, notas de serviço, para além da correspondência oficial, dos ministérios da República aos Adidos militares e governos das colónias. Do cruzamento dos percursos biográficos com a sociedade, a investigação pode colher nestes acervos uma conjugação com o estudo de conjuntura e mesmo com a análise histórica estrutural: exemplos são, entre outros, a relação entre o sidonismo e a participação do Corpo Expedicionário Português na I Grande Guerra, a instabilidade política da República e alguns episódios das revoltas militares, ou ainda entre a repressão do salazarismo e os movimentos de oposição que emergem com o termo da II Guerra Mundial, de que o Movimento de Unidade Democrática foi significativa expressão.

A doação integra um conjunto de documentação pertencente a José Maria Barbosa de Magalhães (1879-1959), irmão de Manuel Maia Magalhães, que veio enriquecer o seu espólio existente no Arquivo de Cultura Portuguesa Contemporânea (Esp. E29).