Mas, ao recolher estas
páginas soltas coladas às paredes, posso com elas continuar a construção do livro onde escrevo o mundo…
Através delas confirmo que o mundo é diversidade.
Que fervilha de diferentes histórias, mas também de histórias que adivinho iguais à minha, embora cobertas por trajes e disfarces que nunca usei.
Descubro que o mundo é movimento incessante, mas também paz e tranquilidade…
É música, ruído, grito… mas também silêncio e quietude.
Estas
páginas soltas que acrescento ao meu livro, afirmam que ele é cores vivas e alegria, mas também negro, imprevisível e secreto.
Nelas se sente o cheiro intenso da perfeição da verdade de cada momento.
Cheiram à cumplicidade da fé, da tez bronzeada das gentes de lugares quentes, das conversas sussurradas de pessoas de destinos longínquos, dos seus costumes estranhos e ‘incompreensíveis’, da simplicidade e do espanto, do frio gélido, da decadência grandiosa, do caricato da ordem ou da surpresa do caos.
Estas
páginas são um inesquecível mergulho na elegância de estranhos personagens e na invisibilidade da magia dos ambientes.
A luz e o brilho de cada uma delas levam a nossa imaginação para além da exactidão do momento, como se fixar o instante não fosse mais que o pretexto para sonhar, para curiosos sairmos de nós e vivermos novas aventuras.
Soltas, estas
páginas trazem-nos inédita a realidade…
São como uma pintura dos instantes numa dança de contrastes.
São como um livro por escrever que alguns afortunados, aqueles que as ‘lerem’, poderão eternamente guardar na memória.