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José Cardoso Pires (1925-1998)

MOSTRA EVOCATIVA | 13 de Outubro a 8 de Novembro de 2008 | Sala de Referência | Entrada livre

 

José Cardoso Pires (1925-1998)No mês em que decorre uma década do falecimento de José Cardoso Pires (26 de Outubro de 1998) e, igualmente, o 83º aniversário do seu nascimento (2 de Outubro de 1925), a Biblioteca Nacional de Portugal assinala as efemérides com uma mostra evocativa da obra de um dos mais importantes escritores portugueses de Novecentos baseada em manuscritos do seu Espólio generosamente doados pelas suas Herdeiras, D. Maria Edite Pereira, Ana Cardoso Pires e Rita Cardoso Pires, respectivamente, Viúva e Filhas.

Simbolicamente iniciado com a entrega de cinco versões de Lavagante, novela inédita, em Abril de 2008, o Espólio de José Cardoso Pires ( bnp Esp. E53 ) tem vindo a ser gradualmente enriquecido, integrando, presentemente, manuscritos de algumas das suas obras, nomeadamente:

O anjo ancorado - 4 versões, uma das quais sobre a 1ª edição, cópia da tradução para língua francesa com prefácio de António Tabucchi, bem como os guiões da adaptação cinematográfica de José Fonseca e Costa e do próprio autor.

O burro em pé - 2 “exemplares de trabalho” da edição, com emendas e quatro versões autógrafas do conto Celeste & Làlinha, mais tarde publicado autonomamente em língua castelhana.

Cartilha do marialva – 3 versões: pré-impressão da 1ª ed. (1960) encadernada, com anotações e colagens; 3ª ed. (1967) com emendas e acrescentos e 4ª ed. (1970) com alguns acrescentos.

O cavalo no diabo – materiais preparatórios da edição (recortes das crónicas publicadas na imprensa com anotações).  

De profundis, valsa lenta – 4 versões, a última com prefácio de João Lobo Antunes.

Histórias de amor – versão dactiloscrita e um exemplar da edição (Lisboa, Gleba, 1952) apreendida pela censura com cortes a lápis azul; outras versões de 2 contos publicados pela primeira vez nesta obra - Week-end, traduzido para inglês por Vítor Palla e reformulação de Romance com data que o autor não voltou a editar.

A república dos corvos – provas tipografias da 1ª edição e “exemplar de trabalho” da 2ª edição.

O render dos heróis – materiais preparatórios e 2 versões.

Viagem à ilha de Satanás – materiais preparatórios e 3 versões.

O acervo integra também um conjunto de cartas, recortes de imprensa, fotografias (de representações da peça O Render dos Heróis) e alguns manuscritos de terceiros associados a estes títulos, bem como a Caminheiros e outros contos - a primeira obra do autor publicada em livro, em 1949, e Jogos de Azar (1963).

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Uma viagem entre o apelo da história e a desmemória

José Augusto Neves Cardoso Pires nasceu perto de Castelo Branco, mas cedo a família se fixou em Lisboa, onde viveu e veio a morrer. Se a sua obra não manteve uma relação inequívoca com determinado registo estético ou, melhor, com cânones precisos de uma corrente, não é equívoco o relacionamento das suas obras com a realidade sua contemporânea desde Os Caminheiros e Outros Contos (1949), numa individualidade de processos de construção e de linguagem. A isto não deixa de associar-se o olhar do escritor português sobre a literatura universal do seu tempo, na qual bebeu influências, nomeadamente entre os escritores norte-americanos, seja por uma escrita de inclusão documental à maneira de Hemingway ou um estilo de construção à maneira da short story presente nos seus contos, seja pela aproximação a autores europeus com os quais comunga de uma mais próxima visão das realidades.

Portador de uma enunciação duramente crítica atestada em Cartilha do marialva (1960) ou Dinossauro excelentísimo (1972), as obras do seu período mais profícuo, com os romances O anjo ancorado (1958) e O hóspede de Job (1963), colocam-se numa perspectiva particularmente pessimista sobre a sociedade e os homens. A diversidade que caracteriza a obra de Cardoso Pires patenteia-se também no percurso por vários géneros, do conto ao romance, do ensaio à dramaturgia, da crónica à narrativa, sem esquecer que o apelo do meio não pôs de lado a abordagem de si mesmo de que são exemplo E agora, José? (1977) e, principalmente, a sua última obra, De profundis, valsa lenta (1997).