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Importante panorâmica de Lisboa a seguir ao terramoto de 1755 adquirida pela BNP

 

CAULA, Bernardo de, fl. 1763-1789

Lisboa: vista e perspectiva da Barra Costa e Cidade de Lisboa… / Bernardo de Caula P.ro tenente dartilharia do Algarve. - 1763. – 1 desenho: pena e aguadas de tinta sépia e cinza em duas f. coladas; 22,5x140,5 cm. – Legenda com correspondência numérica de 105 topónimos. – Dedicatória a “Carlos alberto guilhermo de Colson…”. – Dim. da panorâmica (esquadria exterior): 20X136,6 cm. – Caligrafia da época de estilo arcaizante. – Marca de água da época, cf. E. Heawood – Watermarks, 1950, n.º 1828.
BNP D. 177 R.
Lisboa: vista e perspectiva da Barra Costa e Cidade de Lisboa…

A Biblioteca Nacional de Portugal adquiriu em Maio de 2007 à casa Bernard Quaritch Ltd, de Londres, a importante panorâmica de Lisboa acima sumariamente descrita.

Esta panorâmica, representando a capital lusitana oito anos após o terramoto de 1755, é dedicada a Carlos Alberto Guilherme de Colson, conselheiro da corte do Conde de Lippe. Datada de 1763, terá sido executada depois de 7 de Novembro desse ano, dado que já o refere como primeiro-tenente, posto que ocupou a partir dessa data. A cidade aqui representada estende-se desde a Torre do Bugio até ao Palácio do Patriarca [Palácio da Mitra] e evidencia as marcas de destruição deixadas pelo terramoto.

Actualmente são conhecidas mais duas versões desta panorâmica, do mesmo autor, elaboradas no mesmo ano em data anterior a 7 de Novembro, integradas numa colecção particular. Uma destas versões, a mais próxima da que foi adquirida pela BNP, é escrita em língua portuguesa e dedicada ao Conde de Lippe. A outra versão, que apresenta em primeiro plano a margem Sul do Tejo, junto a Almada, é composta por duas partes (ocidental e oriental), é escrita em língua francesa e dedicada ao conselheiro Colson. Actualmente, apenas se conhece a localização da parte que representa a zona ocidental de Lisboa, integrada numa colecção particular. Desta versão, foi executada na Alemanha, em 1886, uma cópia, muito ampliada, por Herman Shütte, a qual está actualmente exposta no Museu da Cidade.

O seu autor, Bernardo de Caula, de origem francesa, ingressou no exército português, como primeiro-tenente da Companhia de Mineiros e Sapadores do Regimento de Artilharia de Lagos, em 7 de Novembro de 1763. Nesse ano terminara a campanha militar - que decorreu de 30 de Abril de 1762 a 10 de Fevereiro de 1763 – como consequência do Pacto de Família (celebrado entre os soberanos de França, Espanha e Nápoles, todos pertencentes à família Bourbon) que pretendia forçar Portugal a fechar os seus portos a navios ingleses. Nesse conflito, o Exército português foi dirigido pelo Conde de Schaumbourg-Lippe, nomeado seu comandante-chefe com a patente de Marechal General, o qual permaneceria em Portugal até 20 de Setembro de 1764.

A 17 de Outubro de 1771, Bernardo de Caula foi promovido a capitão e decorridos 8 anos, em 26 de Março 1789, passou à situação de reforma por motivo de doença. Do autor pouco se conhece; no entanto, da leitura da documentação existente no Arquivo Histórico Militar, infere-se que teria vocação para o desenho e que seria dotado de um carácter independente, o que lhe terá causado alguns dissabores. Foi pai do General Carlos Frederico Bernardo de Caula (1766-1835) que se viria a distinguir como uma das mais proeminentes figuras da cartografia portuguesa do século XIX.

Este documento, de valor inestimável, regressa agora ao país e à cidade que representa, estabelecendo-se como parte integrante do património nacional.