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Biblioteca Nacional de Portugal

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Portugal

 

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Folha de sala

Histórias da história da Biblioteca Nacional

Frei Manuel do Cenáculo, 300 anos

DESTAQUE | 1 mar. - 24 abr. '24 | Sala de Referência | Entrada livre

 

Histórias contadas em pequenas mostras com destaque para alguns episódios curiosos da vida da Biblioteca Nacional durante a sua existência de mais de 200 anos.  Os documentos e objetos investigados e expostos darão voz a aspetos pouco conhecidos de um património onde há muito para descobrir.

 

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Para assinalar os 300 anos do nascimento de Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas, evoca-se nesta mostra a obra do homem nascido Manuel Martins, na Lisboa de 1724, e que aos 25 anos de idade ascendeu a Lente de Artes e a Lente do Curso Filosófico no Colégio de S. Pedro, em Coimbra, envergando já o hábito da Ordem Terceira da Penitência.

 

Em 1750, uma viagem a Itália deu-lhe conhecer as grandes bibliotecas eruditas: a Casanatense, a Vaticana e a Sapienza, em Roma, a Ambrosiana, em Milão, e a Accademia Delle Scienze, em Bolonha, os respetivos catálogos e coleções constantemente enriquecidas por aquisições de espécies raras em que constavam títulos em grego, hebraico e siríaco, sensibilizando-o para a necessidade da constituição de coleções de cimélios, ou réserve précieuse, como então se designavam.

 

Ao regressar, permaneceria 13 anos em rigorosa clausura dedicada ao estudo, o que lhe permitiu familiarizar-se com as línguas hebraica, árabe e grega. Em 1768, Manuel do Cenáculo emerge como destacado elemento da elite funcional que coadjuvava o Conde de Oeiras: Provincial da Ordem Terceira, função que acumulava com a de precetor do príncipe real D. João e que lhe mereceu o nome Villas-Boas. Entre outros cargos, foi enquanto Presidente da Real Mesa Censória que germinou a aspiração de criar uma Biblioteca Pública, invenção do século das Luzes que plasmava a ambição da educação permanente através da leitura para todos.

 

Após a queda de Pombal, ocupou durante 15 anos o episcopado pacense, investindo na formação do clero, mediante conferências eclesiásticas. Com os proventos das rendas do bispado, encomendou dez mil volumes destinados à criação de uma biblioteca e de um museu de arqueologia, medalhística, etnografia e história natural, situado na Igreja de São Sisenando, contíguo ao Paço Episcopal.

 

Quando, em Lisboa, foi criada em 1796 a Real Biblioteca Pública da Corte, hoje Biblioteca Nacional de Portugal, esta recebeu as coleções da biblioteca da extinta Real Mesa Censória e uma doação de quase dois mil volumes que constam no Catálogo metódico dos livros que o Excelentíssimo e reverendíssimo D. Frei Manuel do Cenáculo doou à Real Biblioteca da Corte no ano de 1797.

 

Em 1803 foi elevado a arcebispo de Évora, onde mostrou os seus dons de grande bibliófilo e organizador. Dos 40 mil volumes que Manuel do Cenáculo trouxe de Beja juntou os 10 mil que reuniu até 1814, ano em que faleceu, não sem antes ter redigido o estatuto da Biblioteca (1811), pelo qual se garantia o carácter público da instituição, dotando-a de uma equipa de profissionais.