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Arquivo Mário Soares |

Casa Comum / Fundação Mário Soares

 


Faleceu Mário Soares (1924-2017)

NOTÍCIA | 7 janeiro 2017

 

Nascido a 7 de dezembro de 1924, Mário Soares foi um dos vultos mais destacados da política portuguesa da segunda metade do século XX, tendo participado nos grandes processos de transformação política e social ocorridos em Portugal: a oposição ao Estado Novo, a implantação e consolidação do regime democrático após o 25 de abril de 1974, a adesão à então Comunidade Económica Europeia (CEE).


Filho de João Lopes Soares, professor, pedagogo e político da 1.ª República, e de Elisa Nobre Soares, Mário Soares foi professor e advogado, tendo-se destacado na defesa de presos políticos.
Adere, ainda estudante, à oposição ao regime. Integra o MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Antifascista) e o MUD (Movimento de Unidade Democrática), fundando o chamado MUD Juvenil. Integra ainda as candidaturas de Norton de Matos (1949) e de Humberto Delgado (1958) à Presidência da República.


Foi candidato a deputado pela Oposição Democrática, em 1965, e pela CEUD (Comissão Eleitoral de Unidade Democrática), em 1969. Várias vezes preso pela PIDE, é deportado para S. Tomé e Príncipe, em 1968. Exila-se em França, em 1970, onde leciona nas Universidades de Vincennes (Paris VIII), de Sorbonne (Paris IV) e na Faculdade de Letras da Universidade da Alta Bretanha (Rennes).


Em 1973, no Congresso realizado em BadMünstereifel, na Alemanha, a Ação Socialista Portuguesa, que fundara em 1964, transforma-se no Partido Socialista (PS), do qual é eleito secretário-geral, sendo reeleito ininterruptamente durante 13 anos.


Regressado do exílio logo após o 25 de Abril, percorre, em nome da Junta de Salvação Nacional, as capitais europeias para obter o reconhecimento diplomático do novo regime. Participa nos I, II e III Governos Provisórios, como ministro dos Negócios Estrangeiros, e no IV, como ministro sem pasta, do qual se demite na sequência do chamado «caso República».


Foi primeiro-ministro do I Governo Constitucional (1976-77) e presidiu ao II (1978), período em que enfrentou uma situação de quase rutura das finanças públicas e de crise económica, ultrapassadas através de um programa negociado com o Fundo Monetário Internacional (FMI).


Em 1983, é novamente nomeado primeiro-ministro do IX Governo Constitucional (1983-85), conhecido por Bloco Central, formado através de uma coligação PS/PSD e que se viu confrontado com nova situação de rutura financeira iminente e de crise económica, levando à celebração de um novo programa com o FMI. É ainda este Governo que ultima o processo de adesão de Portugal à então CEE, cujo tratado é assinado em 1985.


Em 1986, é eleito, pela primeira vez, Presidente da República, e, em 1991, é reeleito para um segundo mandato que termina em 1996.


Entre 1999 e 2004 é deputado ao Parlamento Europeu e em 2006 concorre, de novo, à Presidência da República. Como confessa mais tarde, foi percebendo, durante a campanha, que a derrota era inevitável, tendo, no dia da eleição, terminado a sua declaração com um slogan do tempo da resistência ao anterior regime: «Só é vencido quem desiste de lutar».


Em 1991, constitui a Fundação Mário Soares (FMS), à qual presidiu até à sua morte.


Colaborou em jornais e revistas, nacionais e estrangeiros, com destaque para Seara Nova, O Tempo e o Modo, Visão, Diário de Notícias e El Pais. Deixa ainda diversas obras de reflexão política, de que se destacam: As ideias políticas e sociais de Teófilo Braga (1950), Escritos políticos (1969); Portugal amordaçado (1974), originalmente publicada em França (Le Portugal baillonné, 1972) e traduzida em inglês, italiano, alemão, espanhol, grego e chinês; Caminho difícil: do salazarismo ao caetanismo (1973); Escritos do exílio (1975); Democratização e descolonização (1975); Portugal: quelle révolution? Entretiens avec Dominique Pouchin, Calman-Lévy (1976); A Europa connosco (1976); O futuro será o socialismo democrático (1979); A árvore e a floresta (1985); Intervenções, dez volumes que reúnem os seus principais discursos e intervenções públicas enquanto Presidente da República (1986-1996); O mundo em português, um diálogo, conversas entre Mário Soares e Fernando Henrique Cardoso (1998); Português e europeu (2000); Porto Alegre e Nova Iorque: um mundo dividido? (2002); Memória viva (2003); Incursões literárias (2003); Um mundo inquietante (2003); A crise. E agora? (2005); O que falta dizer (2005); Um mundo em mudança (2009); O elogio da política (2009); Em luta por um mundo melhor (2010); e Um político assume-se: ensaio autobiográfico, político e ideológico (2011).


A Biblioteca Nacional de Portugal (BNP) assinalou, em 2015, os 90 anos da sua vida, com a mostra bibliográfica Mário Soares, 90 anos: «só é vencido quem desiste de lutar».