Agenda 2007: MOSTRA EVOCATIVA - FIALHO DE ALMEIDA
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  3 de Dezembro de 2007 a 12 de Janeiro de 2008 na Sala de Referência | Entrada Livre

MOSTRA EVOCATIVA
FIALHO DE ALMEIDA
(1857 - 1911)

José Valentim Fialho de Almeida, nascido no seio de uma modesta família de Vila de Frades, de onde cedo partiu para a boémia lisboeta repartida com uma extensa actividade jornalística, retornou abastado ao Alentejo natal para morrer na vila de Cuba.

De permeio, o jovem José Valentim passou «sete anos de emplastros e de pílulas» como empregado em loja farmacêutica, enquanto não concluía os «cursos científicos» em Medicina que nunca veio a exercer. Na vida adulta, Fialho de Almeida descobriu o mundo das letras e da sociedade culta na capital de um reino que fustigou, como de uma república que veio a rejeitar, usando «uma pena donde continuamente espirravam revoltas».

Personalidade complexa, se não contraditória, o escritor deixou uma obra desigual ou fragmentária, mas de importância literária incontornável no século XIX português, mercê de uma prosa finalmente reconhecida pelos seus pares no século XX. Escreveu, conforme autobiografou, com «a necessidade que há de escrever como se pensa e como se fala, límpido, claro, brutal, simples e certo, veemente ou plácido segundo o veio d’água do assunto, precipitado ou espraiado, consoante o temperamento emotivo de quem escreve, e sincero sempre, arrancado d’alma».

Prosador de elegância moderna

Aquele que Fernando Pessoa (até ao seu tempo) considerou «o melhor contista alguma vez nascido em Portugal» deixou uma prosa digna da revolução estética iniciada no século XIX, sob matriz garrettiana, e anunciou o desenvolvimento expressivo da literatura do século XX. Aliás, Fialho de Almeida teve consciência do papel que desempenhou na criação de uma linguagem nova e poderosa, de ágil e elegante ritmo, para além de um enriquecimento vocabular até à exuberância: esse expressionismo verbal toldou justamente a orientação esteticamente realista de que o escritor partira, sem deixar a «fotografia» dos casos sociais que eram molde de escola e de que é exemplo o seu primeiro livro de Contos, como os de A Cidade do Vício (1882) e O País das Uvas (1893) e, em geral, a prosa de ficção que reuniu, por exemplo, em Lisboa Galante.

Cronista compulsivo e vagabundo

Na errância boémia das letras, a crónica jornalística representa com cabal evidência o perfil contraditório do escritor. Crítico do modelo liberal e romântico dos ambientes e das figuras políticas e sociais portuguesas, da mais certeira acuidade à mais injusta violência, o olhar de Fialho sobre o seu tempo deixou plasmadas páginas da mais fina intuição, mas também do mais desmedido exagero.

Em plena civilização do impresso, a intervenção vasta e constante do seu jornalismo (Novidades, O Repórter, Correio da Manhã, etc.) revela um verdadeiro sociólogo que inúmeras das suas páginas deixam num retrato epocal, quantas vezes pormenorizado e fundamental para o estudioso de hoje. A célebre série de Os Gatos (1889-1894), sem a acutilância e a ironia d’As Farpas de Ramalho, criva ao pormenor, que o seu recorte estético favorece, toda uma sociedade, desde o testamento de D. Fernando ao violoncelo de um músico do S. Carlos. O certo é que, uma década após a morte do escritor, Os Gatos iam na sua 4ª edição e, antes de completar outra década, as reedições póstumas atingiam a 9ª.

Cultor das artes e da crítica

O permanente convívio com o meio intelectual da sua época, em cruciais transformações na transição do século, permitiu a Fialho de Almeida desenvolver uma atenta crítica das artes, no que foi um dos primeiros no nosso país, e dos meios artísticos.

Atento à realidade artística portuguesa como europeia, o escritor nunca deixou de situar uma apreciação de pormenor na intuição de um enquadramento mais vasto, nomeadamente quando pressentiu que a expansão social no acesso aos objectos culturais (dos jornais e dos livros aos teatros), na transição de século, tendia para o que teve a felicidade de designar por «industrialização da cultura».


Horário de visita à mostra:

2ª a 6ª-feira – 10H00 às 19H00

Sábado – 10H00 – 17H00

Encerra domingos e feriados

Mais informações
através do endereço rel_publicas@bn.pt ou dos tels.:
21 798 2124 / 21 798 2428